sábado, 27 de junho de 2015

Próxima Parada

Somos pequenas estações por onde as pessoas passam mas cada vez mais, menos pessoas ficam, mas não acho que o problema seja exatamente o terminal, os passageiros é que se tornaram passageiros, e o trem que passa por nós, o faz a cada dia com menos delicadeza, trazendo-nos agora muito mais partidas do que chegadas. E não há como saber se o trem dos que partem é o certo ou se um dia haverá um regresso, pois no trem da vida não há um destino certo e quem regressa nunca é o mesmo que se foi. E nessa curta viagem nossa única certeza é a incerteza, e a nossa esperança será sempre a próxima parada.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Momento

- Não, não é a mim que você teme!
O que você teme é o que está dentro de você
Sua rejeição a mim é apenas um reflexo disso!

Os olhos se fecharam e o suspiro veio da alma.
A verdade fora dita, mas isso não tornava as coisas mais fáceis.
Não havia uma resposta, não naquele momento e talvez nunca houvesse.

Ele foi embora
Ela não estava pronta
Ele a tinha encontrado! A tal pessoa certa de que todos tanto falam.
Mas ele sabia,
E que ironia eu diria.
Ele encontrou a pessoa certa, no momento errado.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Entre olhares e memórias

Não costumo deixar pessoas entrarem, mas deixei você
E agora, não te vejo mais
E não sei se um dia te vi ou se só tive amostras de você
Pequenas e viciantes amostras que você logo me tirou
E hoje eu que tento te tirar de mim
Mas se livrar de um vício nunca é fácil
Abstinência nunca é fácil
E Você me tirou meu vício
Você me tirou você
Me tirou de onde nunca estive
Você me tirou de você
Mas se esqueceu dentro de mim

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Pedaços

Hoje eu perdi parte de você
Mas como perdi algo que nunca tive?
Não sei, só sei que perdi.
Você não estava mais lá
Meu peito bateu mais forte e continuei te procurando
De forma inútil, você não estava mais lá.
E por um momento eu entendi que não tinha perdido só você.
Eu perdi parte de mim, parte dos meus sonhos, da minha esperança
Eu perdi a minha parte que estava com você.
Você se foi.
Não me deixou imagens, não me deixou mensagens, apenas me deixou.
Vazio e ao mesmo tempo tão cheio de porquês.
E então eu me lembro que não se pode deixar alguém com quem de fato nunca se esteve.
Doeu.
Respiro e tento guardar comigo o pedacinho de você que ainda existe em mim
Como espero que tenha guardado o pedaço de mim que me levou.
Mas como tudo que fica guardado muito tempo,
Um dia a gente esquece.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Lanterna dos Afogados


Era só mais um dia qualquer.

Ele distraído como sempre não reparou que o Mar tinha chegado as montanhas, mas o mar, irreverente, sempre se faz notar.

Foi chegando de mansinho e lhe mostrou que também tinha suas ondas. E por uma dessas ondas Ele se deixou levar. Não era um bom surfista, mas melhor assim, nunca fora uma pessoa de superfícies.
Na ausência de todos, visitaram o céu, que naquele instante era só deles. E como que por capricho, na presença do Mar, o céu mudou sua cor, como se o azul fosse uma exclusividade marítima.

Se era cedo, ou tarde, já nem sei, mas Ele se deitou, o Mar lhe acompanhava, e naquele momento o dia pra eles foi noite.
O Mar adormeceu primeiro e naquele sono tranquilo resplandeceu toda sua beleza. Ele tentou se afastar, mas de certo sem muito esforço, afinal não era o que queria, e de qualquer maneira, o Mar não lhe permitiu.

Acordaram unidos, como um velho casal. O Mar porém era inconstante, e logo as ondas se foram. Em pouco tempo Ele também se foi, mas era tarde de mais, já tinha se afogado.